Análises e Sínteses

Dizem que quando nós observamos qualquer coisa, sempre tomamos um de dois juízos: Sintético e Analítico.

Vamos ao primeiro, o juízo sintético. Ele é relacionar e generalizar, agrupar em conjuntos, dizer que uma coisa e outra é, de certo modo, a mesma coisa.

Por exemplo, a foto abaixo é de uma obra de arte famosa, One and Three Chair, uma e três cadeiras, de Joseph Kosuth. É uma cadeira colocada ao lado de sua foto e da definição do dicionário de cadeira. E o mais interessante, a obra nem mesmo precisa usar os mesmos materiais, podem ser arrumados in loco! Segundo o autor, a instalação é constante mesmo que seus objetos mudem.

One and Three Chair, fonte: Wikimedia

Neste caso, ao olhar a obra, eu faço, efetivamente, um juízo sintético, preciso reconhecer que a foto é da cadeira e a definição do dicionário é tudo uma forma de descrevê-la. Talvez se referindo a diferença de significado, significante e objeto, talvez uma exploração da ideia platônica de forma, há muitas maneiras de entendê-la, mas o fazemos pela mesma operação, agrupando os três elementos da obra como se referindo a uma mesma coisa.

O segundo juízo é o analítico. É detalhar, apontar as diferenças, separar um conjunto em outros menores. De certa forma, é dizer que aquilo que observamos é composto de mais de um elemento.

One and Three Chair, fonte: Site do centro pompidou (https://www.centrepompidou-metz.fr)

Se olharmos para a One and Three Chairs de novo, vamos ver que também fazemos análises ao olhar para ela. Dizer o óbvio, que na obra acima temos uma cadeira real, uma definição de dicionário e uma foto, é analisar. Apontar que a obra usa o francês como língua é um juízo analítico, apontar que a foto nem sempre foi tirada no mesmo lugar da instalação (como na foto abaixo), que as cadeiras são diferentes, que alguém poderia usar uma cadeira de três pernas, também.

Vamos para uma área completamente diferente, um dos melhores exemplos de como os juízos são usados para criar o conhecimento está na classificação dos animais, a organização dos seres vivos em famílias formadas pelas forças evolutivas. Esse esforço científico de mais de duzentos anos é, basicamente, composto de apontamentos que dizem que os animais são próximos ou que são distantes. Claro, usando uma série de recursos e registros, incluindo genéticos e fósseis.

Ao coletar as diferentes espécies de tentilhões nas ilhas galápagos, Darwin notou que os pássaros de diferentes regiões apresentavam formatos de bicos diferentes. Vendo as similaridades nos comportamentos deles, disse que eles podiam ser de espécies diferentes, mas tinham um ancestral comum, que chegou às ilhas. Seus descendentes, os tentilhões coletados, teriam se tornado diferentes por especialização, a seleção natural teria transformado os seus corpos em formas mais adaptadas.

Os tentilhões de Darwin, fonte: Wikimedia

Outro exemplo posterior é a classificação de ordens dos dinossauros. Dinossauros são tradicionalmente divididos em duas ordens, Saurisquia e Ornitísquia, separadas de acordo com os ossos dos quadris, a primeira próxima aos quadris dos répteis, e a outra dos pássaros.

Só que hoje, acredita-se que os pássaros, na verdade, são descendentes da sub-ordem dos Terópodes, dinossauros carnívoros Saurísquios! Os quadris Ornistíquios seriam uma evolução convergente com a dos pássaros, e olhando as coleções de fósseis, podemos dizer que os paleontólogos de antigamente foram um pouco precipitados em dizer que as bacias eram iguais. Isso é bastante comum nesse ramo, e a Vertebrate Paleontology Society atésugere que passemos a diferenciar as ordens pelo bico ósseo que os Ornitísquios possuem.

Saurísquis e Ornitísquios, fonte Wikimedia

Podemos ver que nada pode ser reduzido a um único juízo, isso seria uma simplificação exagerada. Eventualmente, novos fatos, novas descobertas e novas informações fazem com que novos juízos tenham que ser tomados sobre conhecimentos antigos. Todo juízo se articula sobre um juízo anterior, sínteses e as análises acabam se misturando e se complementando. Afinal dizer que os ossos das duas ordens eram diferentes, uma parecendo os ossos de répteis e a outra de pássaros, é uma análise que depende de uma síntese anterior que juntou os fósseis em ordens, e segue uma nova análise, da evolução dos pássaros, e a síntese anterior começa a se contradizer com a nova, e blablablá!

Esses conceitos que podem ser usados criar uma historicidade do conhecimento, mas uma bastante arbitrária e que não é muito mais interessante do que pesquisar os grandes conceitos e as grandes polêmicas na ciência/filosofia de cada era. Só que eles tem um outro poder. Muitos pensadores apostam nos dois juízos como uma forma de resolver uma profunda questão: por que nós aprendemos de formas diferentes.

Se partirmos da premissa de que aprendemos sobre o mundo a partir daquilo que vemos e experienciamos (premissa empírica*), seria olhando diferentes cadeiras que nós aprendemos o que é uma cadeira, seria olhando os animais que descobrimos a sua variedade e classificação. Uma sucessão de instâncias diferentes entre si nos revelariam os conceitos e seus agrupamentos em classes.

Porém, se tudo o que nós conhecemos provém do que nós vemos e experienciamos e aprendemos com os outros, por que as pessoas tomam conclusões diferentes? O conhecimento não deveria ser uma linha reta? Não bastaria uma série de estímulos idênticos para termos pessoas que pensam e veem o mundo de forma igual?

Há uma boa dose de arbitrariedade na vivência e na observação. Se, pelo menos, agrupamos e separamos o que nós enxergamos de formas diferentes, podemos concluir que as pessoas são diferentes porque pensam de uma forma diferente e este é o processo de diferenciação. Os juízos complementam o livre-arbítrio, uma forma ativa de escolher, a partir do que se conhece, o que queremos. Eles seriam uma forma passiva, que reconhece e organiza o mundo para exercermos escolhas.

Segundo essa proposta, não há uma “granularidade” para a experiência, uma “unidade” de aprendizagem. Se dois irmãos gêmeos quebrarem um prato e receberem o mesmo xingão de sua mãe, talvez os dois tirem lições bem diferentes da situação, ou num deles nem perceba isso como uma experiência válida. É por isso que mesmo pessoas com histórias similares podem ser bem diferentes, e por isso que podemos até afirmar que nossas personalidades são diferentes. Nem mesmo uma topada com o seu dedo no pé da mesa poderia ser dita como um “grão de experiência”.

Isso não significa que não há erros, que não hajam percepções erradas, raciocínio falho, lógica ruim. Mas significa que mesmo que hajam erros, também podem haver vários certos, cada um com uma relevância própria.

Eu gostaria de fazer uma segunda argumentação aqui. Quero apontar que os juízos não só nos separam, mas também nos conectam.

Voltando à biologia, o desenvolvimento da teoria da evolução não foi um brilhantismo isolado, mas foi uma época em que a academia europeia enfrentava um dilema. Acreditava-se que a natureza era uma realidade imutável, todas as espécies teriam sido criadas no início dos tempos iguais. Só que geólogos e biólogos estavam encontrando registros que desafiavam a ideia.

Lamarck, que nasceu uns cinquenta anos antes de Darwin, foi um biólogo que viajou pela Europa e, visitando vários jardins botânicos, museus e coleções, criou uma teoria de que os animais poderiam se modificar por herança de características. As pessoas já sabiam que poderiam fazer seleção artificial, criar raças de animais, mas não tinham ideia de que isso poderia ocorrer na natureza. Étienne Saint-Hilaire e Curvier tiveram um longo sobre essa possibilidade, anos antes da publicação da “Origem das Espécies”. Anos depois, Russell Wallace foi um biólogo contemporâneo que trabalhava na Malásia, que chegou às mesmas conclusões sobre evolução por meio da especiação por seleção natural. Foi uma carta sua que levou Darwin a decidir publicar seu livro.

Charge de 1830 onde um Ichtyosauro ensina evolução com um fóssil humano, fonte: Wikimedia

Todos os biólogos articulavam seus juízos com uma premissa, a da imutabilidade da natureza. Seus juízos partiam dessa ideia, esse debate “a priori”, que estava em voga. E isso não acontece só na ciência, mas na cultura e na política.

Algumas ideias que se espalham pelas sociedades, costumam ter uma solidez maior do que os fatos. O Ethos, o caráter de cada tempo, há alguma coisa que compartilhamos pelos nossos grupos. Conceitos, valores, sentimentos, até que ponto podemos dizer que há ideias em comum, que trocamos e operamos em conjunto?

A academia (o mundo das universidades) é um espaço criado justamente para isso, onde há corpos de conhecimentos compartilhados que são apropriados por pesquisadores individuais e discutidos em conjunto. Por isso há o mainstream e as contracorrentes, as implicâncias com o “cientificismo” e o academicismo tão comuns, pois quem tem relevância é quem aparece como o representante das linhas de pesquisa em voga, e é isso que há de tão valioso a ponto das academias terem sido criadas em diferentes momentos históricos por diferentes povos.

Acho que uma dinâmica similar à acadêmica acontece na sociedade, linhas “ideológicas” e comportamentais disputam nesse grande campo cultural. Só que aqui há uma diferença fundamental. Na cultura teremos que parar de pensar em “ideia” como um “conceito”, como um objeto mental fechado. Os juízos também serão operados sobre emoções e ações, que fazem parte das ideias culturais.

Assim, um juízo meu ao ver o One and Three chairs pode ser uma articulação na minha ideia de arte, criando uma “nova arte” contemporânea, menos dependente da técnica. Pode ser, também, uma sensação de desgosto, eu ver uma não-arte na tela, posso até me sentir ofendido por uma coisa tão besta sendo exibida em uma galeria de arte. Pode me despertar sentimentos de beleza, de desgosto ou até mesmo indiferença.

Sim, é uma expansão meio audaciosa do conceito, mas juízos não se dão apenas com categorias e conceitos, com ideias bem formadas, mas são articulados com sentimentos e emoções, e valores e morais.

Neste sentido, acredito que os juízos são importantes para a nossa organização social.

Durante a Copa do Mundo, eu torci várias vezes pelo Brasil. As pessoas que estavam comigo também. Formávamos um lado, que mesmo difuso envolvia uma síntese comum. Uma síntese – torcemos por esse time, queremos sua vitória – estamos juntos. No gol todos vibram, não importa quem está do lado. O vínculo que formamos naquele momento? Torcemos para o mesmo time.

Possivelmente os movimentos artísticos, apesar de estarem embasados em percepções e teorias da estética, também são assim. Joseph Kosuth se considerava um artista conceitual, um descendente dos trabalhos de Marcel Duchamp, esse, por sua vez, associado ao Dadaísmo. Se os dois se encontraram em vida, será que não se deram um high-five para o desgosto dos artistas com um senso mais clássico?

Na política, a divisão de esquerda e direita acaba agrupando uma série de ideias contraditórias e antagônicas em um mesmo “lado”. Enquanto muita gente critica que as pessoas se movem “em manadas” e não são independentes, eu acho isso bastante estratégico. Na democracia do voto, qualquer proposta colocada acaba gerando apenas dois lados (e meio), um pelo sim, um pelo não, e o não-voto que pode ser usado de várias maneiras, mas sempre dentro desta estratégia de conseguir uma maioria. Mesmo que sejam grupos incoerentes, esquerda e direita se mobilizam em uma união, algumas vezes por motivos quase irracionais, conseguem montar a maioria.

Seriam os lados políticos gerados por um juízo sintético?

O pesquisador estadunidense Johnatan Haidt afirma, numa TED talk [1], que a diferença entre a direita e a esquerda é um fundamento moral em cada uma delas. Segundo sua pesquisa, haveriam cinco fundamentos para a moralidade, sendo eles: Cuidado, Reciprocidade, Lealdade, Autoridade e Pureza.

Para ele, conservadores se separam dos liberals (os progressistas) por que relevam muito mais autoridade e pureza como fundamentos morais.

O argumento do Haidt é apenas um dos vários que tentam justificar o espectro político, e eu não acho que ele é final, mas é um exemplo do que estou tentando argumentar. A sociedade forma dois grandes grupos que, se incoerentes, agem em conjunto e se protegem não por uma filiação explícita, mas implícita, por seus juízos ao analisar a sociedade. As mesmas operações que nos individualizam, nos fazem se mover em manadas. Repido que podem haver vários certos, várias maneiras de se entender o mesmo fenômeno de agrupamento.

A prisão de Luís XVI, quadro de Jean-Louis Prieur. Tradição e autoridade se tornaram os grandes crimes para a revolução francesa. Retirado da Wikimedia.

Nestes últimos cinco anos de Brasil trouxeram um prolongado debate político, no qual as pessoas tiveram que tomar lados e apresentar argumentações e narrativas para suas percepções políticas. E eu observei que há, nesta disputa, uma ideia bastante impactante, a de que o pensamento é determinístico.

O maior exemplo é um comentário que li num video político do youtube. Um apoiador escrevia “quem é racional chegará a essas mesmas conclusões”. Pessoas racionais devem chegar às mesmas conclusões que eu, as outras, aquelas que não concordam, não são racionais.

Penso, logo concluo o mesmo? Sinto o mesmo? Ajo da mesma forma? A razão é determinística? Segundo nosso modelo de juízos, não individualmente, mas separadamente. O pensamento é relacional, histórico, as ideias são articuladas entre si, e as conclusões são variadas. Neste caso, há ideias bem articuladas e com uma ampla base argumentativa, e há aquelas que não são, mas não há um determinismo empírico, um modo de pensar que é o único correto (a partir de um conjunto de provas).

Como os juízos são tão diversos e independentes, pensar igual é uma forma de identificar o igual, o que podemos ter relações e esperar que hajam como nós. Tradições estão profundamente relacionadas aos nossos modos de pensar. Repensar, mudar, requer energia, esforço, dedicação e (uma certa) humilhação (de se dobrar a e ouvir outros pontos de vista). É algo muito similar ao que acontece materialmente. Quando adotamos um conjunto de tenologias, temos que construir uma infraestrutura para suportá-las, e dificultamos alternativas. Os geradores nucleares resfriados com água pesada podem ser substituídos por inúmeras outras tecnologias, como reatores resfriados a gás ou reatores nucleares de tório, mas isso exigiria investimentos e a construção de uma infraestrutura que não existe, um custo a ser arcado[2].

Não é difícil ouvir uma opinião diferente da nossa, explorar as possibilidades alternativas àquilo que conhecemos? É um exercício que chega a doer.

E até que ponto nossos juízos seriam responsáveis por nos singularizar, ou nos agrupar? Haveria uma fronteira que podemos identificar entre o eu e a ideia? Até que ponto as nossas diferenças não são uma questão de uma simples preferência por primitivas morais em nossos cérebros? Quem sabe um gene, uma única causa por trás de nossas opiniões?

Não sei dizer.

* Escrevi o texto a partir de um ponto de vista empirista, que diz que o conhecimento provém do exterior, que é formado pelas experiências e observações do indivíduo. Acho que a melhor forma de entender a empiria é pensar no bebê, que nasce praticamente incapaz de usar o seu próprio corpo, e que vai aprendendo lentamente a mover seu corpo e usar sua mente (dê uma pesquisada sobre a experiência do objeto permanente).

Alguma Biografia:

Acho que o formato acadêmico dos textos estava bem chato, então estou tentando mudar um pouco o formato dessa vez. Esta é a biografia:

[1] Jonathan Haidt. On The Moral Mind. Palestra TED em: https://www.ted.com/talks/jonathan_haidt_on_the_moral_mind

[2] Rápida pesquisa no Google me deram alguns resultados em inglês bastante preocupados em comparar os tipos diferentes de reatores nucleares:

https://whatisnuclear.com/msr.html

http://www.world-nuclear.org/information-library/nuclear-fuel-cycle/nuclear-power-reactors/nuclear-power-reactors.aspx

[3] Uma boa inspiração pra este ensaio foi o texto do Freud, “Totem e Tabú”, publicado em . Lá ele tenta apontar o horror ao incesto como uma causa fundamental no desenvolvimento das culturas e tradições. Outras incluem:

O livro do Immanuel Kant, “Crítica da Razão Pura”, mas não o li inteiro e nem sei se entendi direito.

A tese de doutorado do Ítalo Dutra “Mapas conceituais no acompanhamento dos processos de conceituação”, no PGIE da UFRGS de 2006.

E a palestra da Judith Butler “The Human Condition” em Barcelona. Assisti no youtube, então não sei o ano…

Rankings e relevâncias

A cada dia, cerca de trinta milhões de pessoas acessa o youtube para assistir um total de cinco bilhões de vídeos. A cada minuto, os criadores fazem upload de trezentas horas de vídeo no site.

Faça uma pesquisa no Google, na Wikipédia. Acesse o Facebook, o Twitter, o Instagram. Veja os sites alternativos, Vimeo, Twitch, Reddit, Imgur. As suas queries, suas pesquisas, e os seus feeds, as listas de conteúdos atualizadas para você, organizam um conteúdo quase infinito, em constante criação e mutação. Tudo em uma prática listinha de links enumerados.

Como isso funciona? Ora, primeiro se constrói uma base de dados na qual as pesquisas serão feitas. Depois você monta índices a partir do conteúdo das páginas, eles são compostos de palavras que apontam para as páginas na base de dados. Ao receber termos de pesquisa, cruze-os com os índices e voi-lá! Você tem os seus resultados…

Não é uma coisa nada simples.

A palavra-chave aqui é relevância, um termo bem complicado que é usada para dizer o que o que é importante, o que chama a atenção, o que afeta todo mundo, ou o que me afeta como indivíduo. Relevante é aquilo que exige minha atenção, exige minha resposta, é um ponto-chave. E essa é a questão que está posta.

Pesquisar é encontrar resultados relevantes para suas pesquisas, e isso depende completamente dos índices que mencionamos, montados automaticamente pelas plataformas que você usa.

O Cadê, fundado em 1994, foi um dos primeiros buscadores no Brasil. Ele se organizava por meio um grupo de categorias, um índice temático para os sites: Ciência e Tecnologia; Compras Online; Cultura; Educação/ Esportes; Finanças; Governo; Indústria e Comércio; Informática; Internet; Lazer; Notícias; Referência/Saúde; Serviços e Sociedade. Cada um destes tinha suas próprias sub-categorias.

Snapshot do Cade em 1998, tirado pela Wayback Machine

Se quiser ver melhor como funcionava esta relíquia da internet, recomendo usar o Way Back Machine, do Internet Archive que te permite ver snapshots de várias páginas a internet no decorrer dos anos. Este é um link para o Cadê em 1999.

Então, ao se inscrever no Cadê, o dono de um site tinha que colocar um pequeno texto que descrevia o seu conteúdo. Nas sub-categorias, os sites eram listados em ordem alfabética. Explorá-las era uma aventura.

Ora esta organização é simples e histórica. A cópia da enciclopédia Barsa dos meus pais divide o “conhecimento humano” em verbetes alfabéticos. A lista telefônica, que contém mais informações, precisa de um segundo nível de classificação, e se divide em páginas brancas, com números pessoais, e páginas amarelas, com números de serviços e negócios em uma subclassificação (advogados, dentistas, arquitetos…). Foram soluções práticas de como organizar uma série de informações para consulta.

A internet apresentava um novo problema, suas páginas não são construídas apenas como uma forma de contato, mas de publicação. Os usuários escreviam suas fanfics, publicavam seus relatos de viagens, seus textos, suas ideias, manuais e histórias. O conteúdo se diversificava, ficava cada vez mais dinâmico, e o número de páginas crescia rapidamente*.

Se, no Cadê, houvessem pouco menos de quatrocentas páginas na categoria de Cultura, como o serviço poderia garantir que as páginas cujo nome começassem com a letra Z teriam a mesma visibilidade que as que começam com a letra A, se o usuário as recebe ordenadas alfabeticamente? Isso não diminuiria o número de visitas nos sites mais embaixo? E se eu não soubesse, mas o site que eu estava procurando começasse com a letra Z, eu não teria que perder muito tempo procurando o seu nome na lista? E se o número de páginas continuar a crescer?

O problema foi resolvido pelas buscas por termo, ou queries. O usuário digita um termo ou uma frase que busca, o sistema busca em um índice quais páginas correspondem a este termo. Esta forma permite uma maior automação, pois pode usar crawlers automáticos, programas que buscam por novas páginas nos servidores da internet e as inserem na base de dados sem precisar que o dono do site tenha que descrevê-lo. As técnicas são diversas, mas as tags HTML de metadados se tornaram bem menos importantes. Essa busca também permite isolar artigos dentro de páginas – se um jornal de economia decide publicar um texto sobre moda, você poderá identificá-lo sendo deste assunto através da query, o que não aconteceria no índice temático.

A primeira busca por queries que eu usei foi o Altavista, para buscas mais específicas, ao mesmo tempo que usava o Cadê, para surfar na internet. O modelo de query mais bem comum é o tf-idf, ou frequência de termo – frequência inversa de documento. Cada página encontrada pelo crawler passa por um pré-processamento, no qual ela preprocessa os textos (retira, por exemplo, artigos e coloca todos os verbos no infinitivo) para depois contar as palavras, anotando quantas vezes elas aparecem no texto. Daí se cruza esta pontuação do documento com a de sua base de dados, multiplicando essa quantidade de cada palavra pela sua raridade no banco de dados total, dado pela proporção de documentos que contém o termo. A palavra “casa” com certeza é menos rara do que “escritura”, então tem um valor menor para as buscas. Isso é bastante trabalhoso, mas é automático, feito por programas e algoritmos.

Usando estes índices de pesos e valoração das palavras, é possível fazer alguns pequenos, ou grandes, ajustes nas buscas misturando-os a outros.

O boom dos buscadores aconteceu quando lançaram o Google, que adicionou outras métricas para as buscas além do tf-idf. Sua mais famosa é o número de links que apontam para as páginas, quanto maior o número de links apontando para a página, mais importante ela seria. Oura métrica importante, e pouco falada, é o seu AdWords, que relaciona buscas de termos específicos a propagandas pagas de empresas. Isso foi fundamental para que a empresa se tornasse rentável, e não apenas desse retorno aos seus grandes investidores, mas atraísse ainda mais (#1).

Lembre-se que, nos primórdios, a propaganda na internet se dava unicamente por meio de banners e pop-ups, áreas do seu site que você vendia para alguém anunciar alguma coisa. Agora, os buscadores descobriram que podiam não só buscar conteúdos para seus usuários, mas consumidores para as empresas!

E podiam fazer várias recortes sobre a população, poderiam segmentá-la de diversas maneiras. A língua e o local do usuário são índices muito relevantes no Google, podemos ver isso facilmente usando VPNs para fazer as mesmas buscas em países diferentes.

Os buscadores não eram mais uma simples curiosidade acadêmica, ou uma facilidade – era um negócio provado, que vinha em boa hora. A partir da metade do ano 2000, o setor de tecnologia digital passou por uma forte recessão, mas este “estouro da bolha dot com”, como ficou conhecido, não pareceu afetar o número crescente de pessoas que acessavam a internet. Enquanto uma série de negócios faliam, a infraestrutura ainda recebia investimentos, novas tecnologias estavam sendo desenvolvidas, e muitos investidores procuravam novos lugares para colocar seu dinheiro.

Demorou anos, mas o crescimento do mercado social da internet foi crescendo sobre as fortes bases da AdWords. Hoje, o Youtube, o Twitter e o Facebook se consolidaram como as grandes plataformas sociais da web, com milhões de usuários acessando-os diariamente (também temos a Amazon, o gigante oculto da internet). Seu modelo de negócio se dá, principalmente, pela propaganda.

Foto de um escriba em Xangai, 1900 – 1919. Retirado da Wikimedia.

Um passo além do AdWords é a criação de perfis dos usuários. Como cada usuário tem um universo de desejos e significados próprios, saber quais termos ele usa pessoalmente, quais as suas queries mais comuns, onde ele mora, que língua fala, são todas informações que permitem direcionar a propaganda com ainda mais precisão. A sua rede de contatos também pode ser comercializada, o Facebook Social Graph é um exemplo de como uma empresa pode usar a propaganda boca-a boca a partir de simples cliques e likes.

Mas, nesses últimos anos, passamos por uma crise nesse casamento de forças que tem organizado a infosfera. Um estudo recente mostrou que usuários que deixam o Facebook tem uma melhora significativa em seu estado mental (#3), as experiências pessoais parecem confirmar que essas plataformas estão exigindo um pouco mais do que gostaríamos.

Talvez os próprios índices estejam se voltando contra os usuários. Ao buscar maior participação e envolvimento dos usuários, o Facebook pode ter apelado para certos aspectos das nossas personalidades que não gostamos. (#4, #5) são alguns exemplos acadêmicos que apontam como a raiva é um sentimento extremamente viral e como as comunidades virtuais são propícias para o espalhamento de notícias falsas.

Mas nos mantemos nas redes sociais, elas chegaram para ficar.

No seu livro Religião para Ateus, o filósofo Alan de Botton enumera várias virtudes das práticas religiosas tradicionais sob um ponto de vista sociológico. Apontando os papéis da religião na formação das comunidades antigas, ele nos mostra alguns pontos bem interessantes que podem explicar porque gostamos tanto das redes sociais, mesmo que elas nos desapontem e nos traiam.

Segundo Botton, as igrejas locais não tinham apenas uma função religiosa e não eram só uma forma de se controlar a população por meio da religião. Elas não serviam como um espaço de referência e de organização, um lugar ao redor do qual a comunidade se articula. Indo um passo além, as missas semanais eram uma forma de comemorar e lembrar as pessoas, fazê-las retomar o que é importante. Isso seria importante porque as pessoas tendem a se esquecer com a rotina, ter suas atenções capturadas por pequenos problemas e pelas dificuldades do dia-a dia, se desviando da identidade que une a comunidade. Exercer a lembrança, comunalmente, reforça laços de comunidade e identidade, essenciais para qualquer ser humano.

Talvez este seja o segredo por trás das redes, elas são uma lembrança e um modo de exercer. São uma forma de se formar comunidades distantes e distribuídas, onde trocamos mais informações em um ritmo mais rápido. Não é de se impressionar que memes sejam uma forma tão popular de conteúdo.

Também há alguns paralelos entre os movimentos da televisão e das redes sociais. Lá em 2000 e pouco, quantos programas apelativos não apareciam, criando fórmulas que quase todos os canais seguiam? O jornalismo policialesco diário, programas de auditório, reality shows, a banheira do Gugu e as dançarinas… São receitas para se aumentar a audiência, e olhando os vídeos recomendados e em trending no youtube, dá pra ver um pouco do mesmo.

Ao invés de nos focarmos nos indivíduos, os consumidores e propagadores, vale a pena olhar os produtores nas redes, os que fazem e distribuem a informação, especialmente os mais bem-sucedidos – esta é a dica de Noam Chomsky em “Fabricando o Consenso” (1988). Para ele, temos que ter uma leitura mais crítica da mídia observando-a estruturalmente, que tipos de conteúdos são publicados, como os seus editoriais se comportam, como elas distribuem os seus recursos (repórteres e linhas das suas reportagens).

Chomsky conclui que a mídia não necessariamente controla a opinião das pessoas, mas, no melhor estilo capitalista, as segmenta. Ela arregimenta grupos de pessoas como audiências comuns, tornando mais fácil para escritores (comentaristas) prepararem textos que irão vender, assim como criando uma plataforma viável de propaganda. Pense nas revistas que existem, elas representam muito bem ideologias específicas, uma pessoa as compra pensando que vai ler matérias de seu interesse e que lhe ajudem a formar uma visão de mundo – a sua visão de mundo.

Vamos fazer um exercício. Você é o editor de uma revista diante de uma dezena de reportagens, e tem que escolher qual delas irá para a capa. Agora, qual imagem será colocada? Uma charge inspirada? A foto de um personagem? Uma imagem que invoca um sentido de nostalgia? De raiva e injustiça? E mais, como será a chamada? Quais termos serão destilados e colocados nela? O que você quer invocar e relevar? E se você tem que vender esta revista, quais artifícios vai usar para chamar atenção? Como vai fazê-la saltar à vista na banca? Como você vai ser relevante para o comprador?

O fator é duplo: como chamar atenção do leitor e como oferecer algo que ele quer ler – ou, numa leitura mais maquiavélica, como convencer ele de que ler a revista é importante? Assim fica fácil entender não só as revistas, mas as propagandas e até a apelativa programação das televisões acima.

O que acontece nas redes sociais é uma subversão dessa ideia. A troca é submetida a um sistema econômico de reações. Não só há uma maior participação e maior viralidade do público, mas os feeds acabam formando uma zona de competição entre “editoras” e as redes de contato podem ser um vetor de difusão de suas notícias. Como tudo é contado a partir de cliques, o maior número de pessoas que receber e clicar na sua mensagem, mais valiosa ela foi. Isso é medido, quantificado. A promessa era simples, de que os algoritmos iriam selecionar assuntos que queremos ler, é uma faca de dois gumes, porque torna o serviço uma propaganda individual. O algoritmo também reúne, sob um mesmo termo, buscas de significados completamente diferentes: se eu procurar por gato Willis, receberei fotos de gatos ou do ator Bruce Willis, resultados completamente diferentes de que se eu estivesse procurando pelas charges políticas usadas na Tunísia. Claro, ainda há segmentações, pelo menos pela língua, mas elas são diferentes, até porque os feeds são algoritmos, não uma estande de revistas.

O caso dos trolls** russos nas eleições estadunidenses de 2016, que conhecemos por uma narrativa ainda incompleta e parcial, é um exemplo para esta análise. Acredita-se que há um programa estatal, uma fábrica de mentiras e de sensacionalismo, que atice os maiores medos das populações e as façam se extremar. Claro, a eficiência destes ataques é uma questão em aberto, mas eles são um fato tão importante que se tornaram centrais na discussão sobre as eleições. As polêmicas que eles geraram, e os grupos de pessoas que eles arregimentaram, tomaram conta dos debates.

Uma ferramenta essencial para esses casos são os bots, contas fantasmas, de pessoas falsas, operadas por um mesmo usuário ou automaticamente por programas, formam redes de divulgação dentro das redes sociais, criando caminhos entre diferentes comunidades, para além das amizades, dando um alcance maior a certas postagens. Nós interagimos com eles, e muitas vezes nem percebemos.

As redes sociais políticas são eficientes porque espalham conteúdo em grupos organizados em vários níveis. Atores menores utilizam-se de notícias e artigos (além das fake-news) reformando-as e redistribuindo-as para seus públicos específicos. Nos escândalos da eleição estadunidense, democratas e republicanos usaram uma polêmica envolvendo o hacking de e-mails dos partidos para tentar enquadrar o outro como um incompetente – e foi uma estratégia bastante eficiente nas primárias. As infinitas leituras desses casos são um exemplo do quão prolífico é este campo de interpretação política.

“Falem mal, mas falem de mim” diz a sabedoria popular. As polêmicas são interessantes não porque convenceram as pessoas a serem contra um ou outro candidato, mas marcavam, martelavam os erros. Elas nem precisam se darem ao redor de informações corretas, análises inteligentes, ou racionalidade. Ela não é importante pelas respostas que ela traz, mas pela questão que ela coloca. Não pela quantidade de informações que envolve, mas pela quantidade de gente que a discute. Um debate costuma ter apenas um assunto por vez, e se temos um debate público gigantesco então a sociedade está olhando para uma questão em si, a polêmica. Controlar o assunto das conversas (não suas conclusões), é isso que uma boa polêmica pode fazer.

Gui Debord discorreu sobre o assunto no seu livro de 1967 “A Sociedade do Especáculo”. Ele criticava tanto o Stalinismo, quanto o Capitalismo ocidental por serem sistemas que criaram mundos de fantasia, descolando a informação da realidade. Nas suas 221 teses, ele tenta descrever várias relações entre os cidadãos e o espetáculo, esta coisa que acaba por substituir a participação democrática por uma luta virtual por valores que, em última instância, acaba nos impedindo de reais mudanças e participação. O espetáculo, dizia, é uma confusão que mistura coisas de lugares diferentes em tempos diferentes, e sua máxima realização é a ofuscação do outro – é quando me impede de entender quem se opõe a mim.

Debord, um marxista, se impressionava como os modos de produção conseguiam hegemonizar a comunicação, como eles conseguiam construir uma história a partir de sua própria narrativa, criando uma plataforma sobre a qual as pessoas discutiriam, sem efetivamente serem capazes de ir além da dicotomia, sem aumentar seus conhecimentos, sem ir além da questão (tese 217). Isso se ergue a tal ponto que as polêmicas, como vemos hoje, geram fatos alternativos, narrativas que poderiam competir com qualquer outra, mesmo que não se sustentassem em estudos verdadeiros.

E nisso há uma contradição que Debord aponta. O nosso tempo se torna uma moeda que nós investimos, nossa atenção seria a moeda do espetáculo, mas não podemos colocá-la onde queremos. Tudo se torna uno, classificado por relevâncias, colocado no mesmo feed, nossas opiniões são reduzidas à questão, e a informação tem que a ela responder. Quando uma questão é relevante, nós acabamos sendo posicionados nela. Ser um isento, colocar-se no meio, pode até ser um esforço honesto de resolver a contradição, mas também é tentar dizer que ela não tem esse valor divisivo, tentar relativizá-la, ir contra a polêmica. Como já discutimos antes, nem toda questão pode ser intermediada pela razão, ainda mais se está no domínio da persuasão.

Sonhos de uma Noite de Verão, a peça de Shakespeare onde fadas controlam um grupo de pessoas para o seu entretenimento. Ilustração do Doré, retirada da Wikimédia.

Mas a internet sem os buscadores e sem as grandes plataformas não seria a mesma e nem teria a sua utilidade e alcance. Somos muito mais capazes de nos comunicar via Facebook e Whatsapp, mas eles se tornam um espaço onde a peça do filho de uma amiga compete por “atenção” com o próximo filme dos vingadores. E ambos usados para medir como é minha interação com meus amigos e com marcas. Estar conectado é isso, estar ligado, ser colocado em um mesmo espaço, poder compartilhar, mas também concorrer. Concorrência tem ganhadores e perdedores (e uma função de otimização, mas isso fica para outro dia). Como podemos proteger e exercer a variedade?

Se a esfera virtual fosse apenas um grande sistema de controle e vigilância, dificilmente a usaríamos. Ela realmente nos empodera e muda nossas vidas, mas nossas insatisfações costumam ficar sem respostas. Mudar as plataformas pelas quais fazem as “nossas coisas” tem grandes custos cognitivos e sociais, assim como os estados de antigamente, talvez haverá um momento em que estaremos lutando por democracia nesse mundo.

Isaac Asimov, um dos mestres da ficção científica positivista, deu uma entrevista em 1989 onde afirmou que a adoção dos computadores ligados em rede levaria a uma revolução no ensino. As pessoas poderiam se capacitar gratuitamente, tendo acesso a grandes bibliotecas, estudando o que quisessem (#6). Isso abriria as portas para um novo estilo de profissionalização, bem mais fluído que o nosso. O que o visionário não conseguiu capturar na época, e que é um sapo difícil de engolir para qualquer um, é que a internet não é um espaço livre e individualista, onde cada um procura apenas o que quer e o que lhe interessa e o que lhe aprimora. Graças às plataformas, seus feeds e algoritmos de relevância, a internet também é um espaço de competição de entretenimento por público e visibilidade – assim como as televisões.

Tive muitas dificuldades para escrever este texto, para escolher as tecnologias e os casos que dessem um texto coerente. Apesar disso, este texto não aborda muitas coisas, como o estruturalismo dos algoritmos de big data, as possibilidades dos sistemas de descoberta de conhecimento e IA, sobre outros autores das teorias das mídias e até a administração da infraestrutura digital, que se tornou vital! Enfim, este é um assunto ao qual vamos ter que voltar.

* Por exemplo, a wikipédia foi lançada em 2001, e desde lá já era construída sobre a tecnologia wiki, páginas web que podem ser editadas e alteradas online. Antes das wikis, você tinha que ter passar por longo processo para editar o conteúdo online: tinha que escrever a página no seu computador (algumas vezes em html nativo!), conectar-se ao seu servidor por meio do protocolo FTP, fazer um lentíssimo upload da página e encerrar a conexão antes de ver o seu material no ar. Isso poderia demorar horas!

** Termo um tanto antigo para se referir a usuários que costumavam escorraçar novos usuários nas redes de computadores, e que acabou evoluindo para denominar usuários que tentam exercer um controle do conteúdo de uma rede, postando continuamente ou atacando outros usuários, geralmente movidos por patrulhamento ideológico.

Bibliografia / Filmografia

#1 – Download: The True Story of the internet. Criado por John Heilemann e produzido pela Oxford Scientific Films.

#2 – A wikipédia tem um artigo fascinante sobre a bolha dot com, com uma lista de empresas que faliram ou que sofreram uma forte perda de valores.
https://en.wikipedia.org/wiki/Dot-com_bubble#Companies_significant_to_the_bubble

#3 – Não tenho acesso ao estudo completo, infelizmente :(, li sobre ele na forbes:

https://www.forbes.com/sites/alicegwalton/2016/12/23/want-mental-health-for-the-holidays-take-a-break-from-facebook-study-says/#574812485ce6

#4 – http://robingandhi.com/wp-content/uploads/2011/11/Social-Transmission-Emotion-and-the-Virality-of-Online-Content-Wharton.pdf

#5 – https://pdfs.semanticscholar.org/cffe/d190dc8b9180c7be2867c210791ba7597551.pdf

#6 – http://www.openculture.com/2012/04/isaac_asimov_digital_learning_in_the_electronic_age.html

Internet World Stats, onde tem uma boa quantidade de dados sobre a expansão da internet nos seus primórdios: https://www.internetworldstats.com/emarketing.htm

Botton, Alain de. Religião para Ateus. Editora Intrinseca, 2011.

Debord, Gui. A Sociedade do Espetáculo.

Manufacturing Consent: Noam Chomsky and the Media. Documentário de 1992, dirigido por Mark Achbar e Peter Wintonick.